É cada vez mais comum sabermos de casos de pessoas que morrem em decorrência à infecção hospitalar. Entretanto, muito pouco de sabe como isso ocorre. A infecção hospitalar é qualquer infecção que o paciente desenvolve após 48 horas de sua internação e que não estava incubada antes da sua entrada no hospital.
São variadas as suas causas e pode ocorrer devido ao encontro de fatores de risco, desde imunidade alterada e gravidade da doença a falha nos procedimentos básicos dos cuidados assistenciais. Quando os fatores de risco se encontram, as bactérias invadem o organismo e proliferam-se, gerando um processo infeccioso. “Nas instituições de saúde, as medidas preventivas básicas devem ser sempre respeitadas para que todos os procedimentos de inserção e manuseio de dispositivos invasivos sejam feitos da melhor forma possível. Dessa maneira, evita que a equipe de saúde possa levar risco adicional ao paciente”, explica a infectologista de chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Nossa Senhora das Graças, Viviane Hessel Dias.
Será que a visita a um paciente pode levar mais risco à sua saúde? Para esclarecer as dúvidas mais frequentes sobre infecção hospitalar, a infectologista responde algumas questões.
1. Quais são as infecções hospitalares mais comuns?
Viviane Hessel Dias: As infecções hospitalares mais comuns são aquelas relacionadas a dispositivos invasivos, como por exemplo, infecção urinária relacionada à sonda vesical (introdução de um cateter na bexiga, através da uretra), infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter e pneumonia associada à ventilação mecânica.
2. Paciente em isolamento pode receber visitas?
Viviane Hessel Dias: Sim, os visitantes devem higienizar as mãos com álcool 70% ao entrar e ao sair do quarto do paciente.
3. Se eu estou acompanhando uma pessoa no hospital, posso visitar os outros doentes?
Viviane Hessel Dias: Se o paciente que estiver sendo acompanhando estiver sob precaução de contato não é recomendado que o acompanhante visite outros doentes na mesma instituição. Em outra situação, a visita poderia ser feita tomando-se o cuidado para o registro adequado da visita na portaria, além do respeito à orientação para higienização das mãos com álcool 70% antes e após entrar no quarto do paciente.
4. E se o paciente teve alta e saiu com uma bactéria resistente do hospital, quais são os cuidados em casa?
Viviane Hessel Dias: Não há necessidade de cuidados adicionais além dos habituais. A preocupação com a colonização por bactérias multirresistentes está justificada prioritariamente dentro das instituições de saúde. Vale ressaltar que há um potencial risco de disseminação desses patógenos para outros pacientes através, principalmente, do contato das mãos do profissional de saúde.
5. A infecção hospitalar apresenta sintomas?
Viviane Hessel Dias: Os sintomas dependem do sítio (local) de ocorrência da infecção (pneumonia, infecção urinária, infecção de ferida operatória, infecção sanguínea) e podem ser mais ou menos intensos dependendo de cada situação. Um sintoma que pode ser comum a todas as topografias é a febre, mas pode também estar ausente em algumas situações.
6. Como é realizado o tratamento?
Viviane Hessel Dias: O tratamento também depende do sítio (local) de ocorrência e das condições do paciente. Basicamente, para o tratamento são recomendados antibióticos e a escolha adequada depende dos exames de cultura solicitados pela equipe assistencial. Em alguns casos de infecção de sítio cirúrgico uma reoperação pode ser necessária.
7. É possível prevenir a infecção hospitalar?
Viviane Hessel Dias: Sim. Existem medidas recomendadas e praticadas para a prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde. Pode variar conforme a infecção. Uma medida bastante eficaz e que vale para qualquer situação é a higienização das mãos com álcool 70% pelo profissional de saúde antes e após tocar no paciente. Ainda é indicada a utilização racional de dispositivos invasivos e cuidados básicos para inserção e manutenção. Isso vale, tanto pelos profissionais de saúde, quanto pelos pacientes. No caso de prevenção de infecções cirúrgicas alguns fatores relevantes como a condição física adequada para cirurgia em casos eletivos deve sempre ser recomendado.