As novas mídias transformaram a sociedade e a rotina escolar. Hoje, é fundamental que os professores saibam utilizá-las na sala de aula. “A compreensão desta nova linguagem da comunicação digital é essencial, pois faz parte da forma como as pessoas se comunicam na sociedade contemporânea. Não há mais espaço para resistir às formas ditas pelos jovens como ‘mais iradas’ de se fazer entender e se relacionar no espaço social”, afirma o escritor e professor Marcus Garcia, organizador da série de livros A Escola No Século XXI.
Mas é necessário saber convergir todas as mídias existentes – que vão desde veículos de comunicação, como sites e jornais, passando por aparelhos como televisão até os gadgets, como celulares e reprodutores de MP3. “A possibilidade de combinar as ferramentas da era digital (fotografia, vídeo, áudio, animação e interatividade) acaba por caracterizar o conceito de convergência de mídias – ou multimídia – como o grande mote da construção de projetos escolares de hoje”, explica o professor.
O professor esclarece que a escola precisa utilizar de forma articulada e correta essas ferramentas. Realizar vídeos, fotografias ou criar blogs é interessante, diz, pois pode ser compartilhado para muitos outros lugares, mas não é aplicável em qualquer trabalho. Ele também considera que os sites de buscas são uma boa ferramenta de pesquisa desde que o professor oriente sobre como encontrar sites confiáveis e a importância de não fazer cópia. “O professor deve destacar a diferença entre leitura reprodutiva e leitura interpretativa, apontando exemplos que esclareçam a forma mais adequada de uso das fontes e o que se busca com a leitura interpretativa para o projeto que será desenvolvido”, observa Marcus Garcia.
Ele explica que os professores devem destacar que a convergência das mídias é apenas uma forma de ampliar a diversidade de fontes existentes. “O resultado de uma pesquisa utilizando recursos da tecnologia é estimulante, mas na ausência de ferramentas mais elaboradas para pesquisa pode-se recorrer a revistas, jornais e livros”, considera. Para a aplicação, os projetos devem privilegiar a interdisciplinaridade e permitir que os estudantes avaliem as estratégias de localização do conteúdo e a relação entre o que o projeto demanda e como cada mídia pode colaborar para o resultado. “O projeto deve ter caráter propositivo, ou seja, precisa estimular o aluno a propor uma ação, apresentar um resultado prático ou demonstrar sua criatividade tendo por base o que foi localizado nas múltiplas fontes e mídias que buscou”, ressalta o professor.
Após a realização do trabalho, os alunos devem ser orientados a trocar experiências, estimulando a colaboração entre as equipes. Até é possível compartilhar o resultado do conteúdo produzido com alunos de outras turmas ou escolas, proporcionando o intercâmbio de informações e ideias que antes ficariam restritas somente à realidade de cada equipe ou turma. “Quando as barreiras que envolvem as realidades locais são desfeitas e abre-se espaço para que outras comunidades tenham acesso àquelas informações, damos oportunidade para o conhecimento circular”, salienta Marcus Garcia.
O professor ainda lembra que a tecnologia beneficia os professores e alunos de outras maneiras, como por exemplo, reunindo informações de um mesmo tipo (todos os jornais publicados nos últimos cem anos) num mesmo local de acesso, permitindo diversos tipos de pesquisas. “Também agrupam num mesmo portal todos os conteúdos previstos nas grades curriculares do ensino fundamental e médio, para que o aluno possa consultar e o professor possa preparar atividades”, expõe Marcus Garcia.
O professor Marcus Garcia dá algumas dicas de como trabalhar a convergência de mídias com os alunos:
- Oriente sobre as divergências que forem encontradas nas múltiplas mídias e fontes consultadas e reunidas, mostrando que isto faz parte do processo de análise;
- Converse com os alunos destacando que o projeto de convergência de mídias é uma forma de ampliar a diversidade das fontes, que podem funcionar como elemento comparativo, complementar ou de validação;
- Ajude os alunos a identificar as fontes confiáveis sobre o tema ou assunto do projeto, demonstrando as divergências entre fontes confiáveis e não confiáveis e deixando que os alunos localizem fontes adicionais;
- Destaque a diferença entre leitura reprodutiva e leitura interpretativa, apontando exemplos que esclareçam a forma mais adequada de uso das
fontes e o que se busca com a leitura interpretativa;
- Para funcionar bem, o projeto precisa estimular o aluno a propor uma ação, apresentar um resultado prático ou demonstrar sua criatividade;
- Estimule para que a construção do projeto ocorra de forma colaborativa, proporcionando a troca de experiências entre as equipes.