Dez medos profissionais que quase toda mulher tem / Por Gisele Meter

Quem nunca sentiu medo na vida? Se olharmos para trás, toda pessoa vai relatar alguma história em que vivenciou esse sentimento. E isso é ainda mais presente no universo feminino. Quando meninas, ainda pequenas, os medos são mais voltados para as fantasias – que se vê ou que são colocadas em nossa cabeça. Depois de crescidas, no entanto, isso permanece, mas o que ocorre é que: se antes o medo vinha de fatores externos, agora prevalece a criação de medos internos.

Lembro-me de uma executiva que conheci, que era fascinada em aprender coisas novas, vivia participando de cursos e treinamentos. Certa vez, a encontrei num elevador e percebi que ela estava com um livro nas mãos. Para puxar conversa perguntei sobre o que se tratava a tal obra. Não me recordo exatamente o nome, nem o autor, mas lembro vagamente que falava sobre o medo. Baseada no contexto fiz a seguinte pergunta: Qual é o seu maior medo profissional?

Imediatamente, percebi que ela apertou um pouco os lábios, como se eu tivesse feito uma pergunta proibida. E depois daquele gesto, ainda meio envergonhada me respondeu: “tenho medo de me acomodar”! Imediatamente pensei: Como assim acomodar? Aquela mulher não parava nunca! Pra mim, isso soou como um clássico medo imaginário, desses que as pessoas criam, sem nenhum fundamento. Ao sair do elevador, não pude deixar de lhe dizer alguma coisa. Segurei delicadamente em seu ombro e disse: “você é maior do que esse medo, seu conhecimento é prova disso”!

Depois daquele dia, comecei a observar mais as mulheres e seus medos profissionais. Descobri que muitas tinham medos que pareciam absurdos, mas que, ao serem falados, traziam grande angústia. Paradoxalmente, pude perceber que aquilo era visto como um medo real, por mais imaginário que fosse. Quando passamos a fantasiar sobre o medo, ele vem com uma força maior, o que nos paralisa e nos impede de seguir adiante.

Sei que não é fácil afastar esse tipo de sentimento dos nossos pensamentos. Eu mesma também cultivo alguns. Mas, ao contrário do exemplo acima, procuro não tratar isso como um assunto proibido. Devemos encarar nossos medos abertamente, de maneira racional, madura e verdadeira.

Para ajudar, elaborei dez dicas e situações sobre como superar cada um desses tipos de medos (e muitas vezes, fantasias!) que rondam o universo feminino.

1) Não agradar e ser odiada pelas pessoas: Desde pequenas somos condicionadas a querer agradar. Ser amável, educada e cordial são características universais e que devem ser utilizadas sempre. Mas tentar agradar todo mundo vai deixar a mulher insatisfeita. E, na verdade, você é a única pessoa a quem realmente deve agradar!

2) Medo de errar: Parece um pouco perfeccionista ter este tipo de pensamento, afinal, todas as pessoas erram! Mas, só o fato de pensar em fazer algo errado já deixa muitas arrepiadas. Isso decorre do medo de parecerem menos competentes. Vale lembrar que não aprendemos somente com aquilo que fazemos certo, mas, especialmente, com os erros. Mais importante do que errar ou acertar é fazer e o medo paralisa e não permite que se evolua com as experiências vividas.

3) Não ser uma boa profissional: Esse medo está diretamente ligado à autoestima. A partir do momento em que se questiona a própria competência profissional, você também está questionando quem você é. Normalmente, as mulheres que não se acham boas profissionais são aquelas que contraditoriamente mais se destacam. Mensurar os resultados de tempos em tempos é uma boa forma de analisar seu lado profissional de forma realista.

4) Não chegar lá: Esse é outro medo que está ligado à autoestima e que pode impedir que se veja o mundo como ele realmente é. O receio de não conseguir está relacionado ao imaginário e gera insegurança. E a diferença entre uma mulher insegura achando que não vai conseguir e outra segura, pensando que pode conseguir, a segunda tem mais chances de conquistar o que deseja.

5) Ser demitida: Hoje, com um mundo cada vez mais competitivo, ser demitido não deveria mais ser motivo de temores. Não existe garantias de estabilidade no mundo corporativo. O que vai fazer você permanecer no lugar onde está são seus resultados e a vontade de estar lá ou seguir rumo a novo horizontes.

6) Não alcançar os próprios objetivos: Esse é um medo característico de mulheres mais novas. Elas sonham em alcançar o topo de suas carreiras e, por isso, acreditam que seus resultados devem ser extraordinários e que as coisas vão acontecer num ritmo frenético. Quando isso não ocorre, concluem que fracassaram. Só que não percebem que há coisas que não dependem apenas da vontade, mas de um tempo próprio para as coisas acontecerem.

7) Se acomodar: Normalmente, quem tem medo de se acomodar, geralmente, são as mais ativas. Na hora em que você se deparar com este tipo de sentimento, converse com outras pessoas, faça uma retrospectiva. Talvez, perceba o quanto sempre foi uma pessoa ativa e, provavelmente, manterá esse hábito durante toda a sua vida.

8) Ser valorizada pela aparência e não pelo profissionalismo: Ser elogiada pela beleza e não pela competência pode fazer com que as mulheres se sintam desmerecidas, e até mesmo uma profissional medíocre. Com isso, muitas se questionam, se estão realmente desenvolvendo um bom trabalho ou se chegaram ou em suas posições por causa da aparência. Não tem jeito, mulheres muito belas, em algum momento de suas vidas, vão se questionar sobre a própria beleza. No entanto, saber usar a beleza a seu favor não tem nada de errado. O que não pode é deixar de ser a pessoa que você é, afinal, qual é a culpa que se tem de ser uma pessoa bonita? O que você faz com isso é o que realmente importa.

9) Não inspirar confiança: Queremos estar perto de pessoas confiáveis. Ter medo de não ser alguém de confiança mostra justamente o quão confiável esta pessoa pode ser, mas também pode demonstrar um medo em querer agradar excessivamente. Geralmente, mulheres com pouca experiência de trabalho e com um currículo ainda modesto são as que mais têm este tipo de medo. Vale lembrar que por mais que a experiência e o tempo possam inspirar confiança, a maneira como você se posiciona diante das situações também é um fator determinante. Confiança se conquista com atitudes e não somente com um belo currículo.

10) Ser reconhecida pela simpatia e não pela competência: Se por um lado existem mulheres que têm medo de não agradar, por outro, há aquelas que morrem de medo de serem vistas como simpáticas demais. O que, em tese, prejudicaria a possibilidade de serem reconhecidas pela competência. Acredito que de todos os medos este é o que pode ser o mais realista, pois depende muito mais da percepção do outro do que de esforços internos. Claro, uma boa dose de simpatia pode abrir portas, mas quando este for o principal quesito de uma mulher no âmbito profissional, dificilmente sua real competência será reconhecida. A dica, portanto, é procurar o equilíbrio.

Sobre Gisele Meter
Gisele Meter é psicóloga (CRP 08/18389), empresária, diretora executiva de Recursos Humanos, palestrante, consultora estratégica em gestão de pessoas e gestão de mudança organizacional. Colunista de portais e sites voltados ao público feminino e de Administração, ela também é a idealizadora do método Life® – Liderança Feminina Estratégica para o desenvolvimento de líderes nas empresas.

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