Conhecimento raso e a falta de referência – O novo mal estar da sociedade

Vivemos em um mundo repleto de meios para conseguirmos informações rápidas, independente do tema a ser investigado. Temos ao nosso alcance uma ferramenta poderosa chamada internet, que facilita tarefas e nos aproxima de conhecimentos que em outros tempos poderíamos levar horas ou até mesmo dias para conseguir.

Com o advento tecnológico podemos enriquecer práticas pessoais e coletivas, como também alimentar a grande rede com nosso conhecimento e “knowhow”, sendo este fenômeno considerado de fato algo verdadeiramente positivo.

Assim como acontece em diversas temáticas, se um contexto for observado de forma mais acurada, podemos visualizar suas diversas faces. Se pensarmos desta forma, a internet também pode ser utilizada de várias maneiras como, por exemplo, ao invés de fornecer informação, deturpar a realidade e inculcar dogmas com bases frágeis, fundamentados em dados falsos, ou seja, em “pseudo referências”.

A cada dia podemos perceber um crescente movimento de conhecimentos embasados em sites de busca, algo preocupante, pois sem ao menos verificar se a informação é de fato verídica, as pessoas levam adiante o conteúdo, considerando essas informações como a mais cristalina das verdades. Assim, acabam disseminando um conhecimento raso e com falta de referências sólidas, o que acaba por desenvolver um encurtamento intelectual, tolhendo a crítica do próprio pensamento e da informação apresentada. Promove-se também, por vezes, uma alienação pessoal, impactando diretamente em vários outros contextos. Parafraseando Freud, dizemos que se tem então, o “Novo mal estar da sociedade”.

A era do conhecimento tem sido inegavelmente uma grande ferramenta para a transformação social, pois chegamos a um patamar nunca antes imaginado, no entanto, a informação sem pesquisa e validação torna-se uma armadilha se utilizada como única fonte de referência, transformando o conhecimento em algo torpe e sem fundamento.

É preciso que entendamos que a internet está a nossa disposição para ser utilizada como um meio e não como dogma. Acreditar em tudo que se vê na rede é como colocar um véu sobre os olhos, não permitindo a si próprio a obtenção do verdadeiro conhecimento, aquele construído através do questionamento da verdade e da crítica da informação. Há que se voltar o pensamento para a busca de fundamentos concretos e legítimos para, somente então, fortalecer nossos argumentos e contribuir para a disseminação de informações verdadeiramente embasadas, crescendo intelectualmente e atingindo, assim, o verdadeiro propósito do conhecimento: a expansão da compreensão do mundo e de si mesmo.

Sobre Gisele Meter
Gisele Meter é psicóloga CRP 08/18389, empresária, diretora executiva de Recursos Humanos, palestrante, consultora estratégica em gestão de pessoas e gestão de mudança organizacional. Colunista de portais e sites voltados ao público feminino e de Administração, ela também é a idealizadora do método Life® – Liderança Feminina Estratégica para o desenvolvimento de líderes nas empresas.

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