*Ana Paula Canto
De acordo com as estatísticas da literatura especializada em Oftalmologia, o ceratocone atinge uma em cada 2.000 pessoas no mundo. A doença é uma distrofia da córnea do tipo ectasia, que modifica sua rigidez, com alteração bilateral, mas normalmente assimétrica, pois é comum um olho ser mais afetado do que o outro. Com a doença, a córnea aumenta sua curvatura, afinando e assumindo o formato de um cone. Essa alteração no formato causa astigmatismo e o paciente enxerga imagens distorcidas, duplas, tremidas e “fantasmas”.
O ceratocone está associado a algum “gatilho” para seu desenvolvimento, porém, ainda não existem comprovações específicas sobre a causa de seu aparecimento. Segundo estudos, as associações genética e hereditária podem ser as principais causas e motivos de alerta. Algumas vezes, várias pessoas da família tem ceratocone: pai, filho, irmão, primos e, por isso, é necessário uma atenção especial.
Qualquer pessoa predisposta geneticamente pode ter ceratocone e a doença tende a surgir na adolescência e se estabilizar aos 30/35 anos. O importante é diagnosticar no início para que possa ser controlado e sua progressão evitada. Pode ser classificado em frusto (aquele que ainda não surgiu), leve, moderado, avançado e grave, e os sintomas mais comuns são: embaçamento visual, distorção da imagem, cefaleia, miopia e astigmatismo. Normalmente, quanto maior e mais avançado for o ceratocone, pior será a visão.
Para diagnosticá-lo, o paciente será submetido a exames oftalmológicos e completamentares, como a topografia, a paquimetria corneana e a tomografia corneana. Neles, será possível avaliar a superfície anterior e posterior da córnea, espessura, entre outros. Com o diagnóstico precoce, é possível estabelecer o tratamento mais adequado para evitar sua progressão, que está relacionada ao trauma contínuo, ou seja, o hábito de coçar os olhos, que é um fator de risco bem mais definido para seu desenvolvimento. Por isso, é importante ressaltar: nunca deve-se coçar os olhos, principalmente se há casos de familiares com a doença.
Não há cura para o ceratocone, apenas tratamento. Ele é dividido em duas partes: 1. Estabilização da progressão quando há indicação do crosslinking – procedimento que colabora para que as fibras de colágeno sejam enrijecidas, evitando que a córnea continue afinando e protraindo; 2. Correção da acuidade visual do paciente que pode ser feita com óculos, lente de contato, anel intra-estomal ou, em último caso, o transplante de córnea.
O transplante de córnea é indicado quando o paciente estiver com a doença em grau avançado e/ou opacidades corneanas. O procedimento pode ser total ou penetrante, quando todas as camadas da córnea forem transplantadas; e parcial anterior, quando o endotélio é mantido e apenas as camadas anteriores da córnea onde está a doença são transplantadas. Por conta dos 16 pontos na cirurgia, a recuperação do transplante pode levar até um ano. O uso de óculos ou lente de contato se faz necessário mesmo após a cirurgia, para que a visão fique ainda melhor.
O ceratocone é uma doença cada vez mais frequente, progressiva e que requer acompanhamento especializado. É preciso que seja reconhecido precocemente a fim de evitar sua progressão e proporcionar ao paciente a melhor qualidade possível de visão.
*Ana Paula Canto é médica formada pela Faculdade Evangélica do Paraná, com residência em Oftalmologia pelo Hospital Evangélico de Curitiba. Pela Bascom Palmer Eye Institute, dos Estados Unidos, possui Research Fellow em Córnea, Catarata e Cirurgia Refrativa e atualmente cursa Clinical Fellow na mesma especialidade. É oftalmologista na Clínica Canto, em Curitiba – Paraná.
Sobre a Clínica Canto
Com mais de 30 anos, a Clínica Canto oferece serviços de oftalmologia com médicos especializados, priorizando a qualidade diagnóstica e terapêutica para seus pacientes. Com duas unidades em Curitiba, no Centro e no Seminário, oferece moderna e completa infraestrutura para exames simples ou de alta complexidade e cirurgias oftalmológicas. Mais informações no site www.clinicacanto.com.br.