Cárdio-oncologia traz terapias contra o câncer que protegem o coração e personalizam o atendimento ao paciente

Especialistas internacionais abordaram o tema no Simpósio Satélite Quanta, em Curitiba (PR) 

O desenvolvimento de terapias contra o câncer que protejam o coração dos pacientes e avanços na medicina personalizada é o que espera para o futuro da cardio-oncologia o americano Raymond Russell, cárdio-oncologista e presidente da Sociedade Americana de Cardiologia Nuclear (ASNC), que esteve em Curitiba (PR) no último fim de semana. Ele palestrou no Simpósio Satélite da Quanta Diagnóstico e Terapia durante o 44º Congresso Paranaense de Cardiologia. O especialista afirmou que esse campo da medicina, que reúne a cardiologia e a oncologia, vem crescendo e desenvolvendo novos métodos para detecção da cardiotoxidade, usando tecnologias de diagnóstico não invasivas, proteínas circulantes e marcadores genéticos.

Russell disse ser mais eficaz a avaliação cardiológica antes que o paciente comece a terapia contra o câncer, verificando, por exemplo, problemas como hipertensão, arritmias, dores no peito, infarto prévio, e analisando os potenciais riscos ao coração. Durante o tratamento e mesmo depois, com o câncer controlado, é necessário o acompanhamento, que ele chamou de avaliação dos riscos dos sobreviventes, ou seja, dos riscos cardiológicos que existem para os pacientes sobreviventes ao câncer.

O cárdio-oncologista destacou ainda a importância do trabalho integrado entre os profissionais de saúde para formar uma equipe de cárdio-oncologia eficaz, que proteja o coração do paciente enquanto ele recebe o tratamento contra o câncer. “É necessária a interação entre oncologista, cardiologista, hematologista, enfermeiro e outros profissionais envolvidos”, observou.

Além dessa integração para a efetividade da cárdio-oncologia, o médico comentou que é necessário o desenvolvimento de muita pesquisa científica, formação de base de dados e educação formal, para que os profissionais saibam como os tratamentos contra o câncer podem afetar o coração e que decisões podem ser tomadas para que os pacientes tenham o melhor resultado possível.

Raymond Russel resumiu em alguns pontos as responsabilidades do cardio-oncologista: proporcionar o acesso fácil das informações aos oncologistas, manter-se atualizado sobre novas estratégias de tratamento, ser uma ligação entre os oncologistas e subespecialidades da cardiologia e ensinar outros cardiologistas e estudantes. Ele ressaltou a importância da comunicação com pacientes e familiares, informando as opções de tratamento e seus riscos, algo que deve ser feito com dedicação e cuidado.

Raymond Russel contou durante o Simpósio no Congresso Paranaense de Cardiologia sobre seu início na cárdio-oncologia, como um dos pioneiros da área nos Estados Unidos, quando ele e a esposa, também médica e pesquisadora, estavam desenvolvendo um estudo na Universidade de Yale. Ambos constataram a cardiotoxicidade de tratamentos contra o câncer, principalmente câncer de mama e linfomas, e decidiram fundar uma clínica, em 2011, especializada em estudar e tratar os efeitos tóxicos no coração de pacientes em tratamento ou sobreviventes de câncer.

Medicina nuclear para países pobres
O Simpósio também teve a palestra do cardiologista italiano Maurizio Dondi, consultor da Divisão de Saúde Humana da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA). Ele salientou um dos objetivos do órgão, que é levar técnicas avançadas para reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares e câncer a países em desenvolvimento. “Ajudamos a implementar estratégias de uso das tecnologias nucleares aplicadas em saúde nesses países, localizados principalmente na África, América Latina, Ásia e Leste Europeu”, afirmou.

Segundo ele, devido à adoção de estilos de vida ocidentais em regiões como África e Ásia, esses locais enfrentam um aumento de câncer e problemas cardiovasculares e, por isso, têm a necessidade de acesso a tecnologias avançadas de diagnóstico e tratamento. “Nos últimos 10 últimos anos, foram investidos US$ 200 milhões em projetos de saúde em países em desenvolvimento”, contou.

Dondi salientou a importância de se implementar tecnologias caras mesmo em países pobres. “Cedo ou tarde esses países irão precisar dessas tecnologias levadas pela AIEA e que, quando chegar essa necessidade, com a ajuda da agência, eles terão a competência necessária para implementá-las”, considerou.

O representante da AIEA citou brevemente as vantagens de se poder explorar, de várias formas, os diferentes aspectos do corpo humano com as tecnologias de imagem proporcionadas pelos avanços da medicina nuclear. “As tecnologias nucleares menos invasivas são avanços que mudam os tratamentos e trazem novas abordagens terapêuticas que impactam, inclusive, economicamente, pois tratamentos menos invasivos custam menos”, disse, acentuando a importância das parcerias de cooperação técnica e treinamento para a implementação e o desenvolvimento dessas tecnologias.

Ele destacou que as tecnologias nucleares imprescindíveis e que mais têm avançado e trazido resultados no tratamento de câncer e doenças cardiovasculares são: SPECT e SPECT-CT (tomografia computadorizada por emissão de fóton único) e o PET-CT (tomografia computadorizada por emissão de pósitrons), que oferecem informações de fundamentais para diagnóstico, prognóstico, avaliação de riscos e de terapia. “As evidências acumuladas nos últimos anos são estudos clínicos randomizados controlados e mudanças no gerenciamento dos tratamentos voltado para melhores resultados, evitando terapias inúteis”, afirmou.

 

Sobre a Quanta Diagnóstico e Terapia
Fundada em 2003, a Quanta Diagnóstico e Terapia está localizada na cidade de Curitiba e oferece exames de cintilografia, tomografia computadorizada com 128 cortes, angiotomografias coronariana e vascular, escore de cálcio, PET-CT, biópsias, tratamentos para câncer de tireoide e dor óssea no câncer, ecocardiograma, eletrocardiograma, teste ergométrico e MAPA. Ainda conta com o serviço de Cárdio-Oncologia, que ajuda a detectar e monitorar problemas cardiovasculares em pacientes oncológicos.

A clínica mantém o Departamento de Inovação, que realiza pesquisas e estudos para novos protocolos nos tratamentos cardiológicos e de câncer e participa do Vale do Pinhão, ecossistema de inovação da Agência Curitiba de Desenvolvimento SA e Prefeitura Municipal de Curitiba que apoia iniciativas inovadoras de empresas locais. Desde 2007, também tem um acordo de cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU e, recentemente, começou a participar de um programa da agência: o QUANUM, que realiza auditorias para aprimorar a qualidade e a segurança dos exames de medicina nuclear em todo o mundo. Mais informações no site www.quantadiagnostico.com.br.

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