Cardiologista da SPC tira dúvidas sobre os fatores de risco do problema que vitimou adolescente no Acre De acordo com o Ministério da Saúde, a morte súbita vitimiza cerca de 300 mil pessoas por ano no Brasil - o que representa quase mil óbitos por dia e quase dois por minuto. No último fim de semana, o caso da adolescente Thamili Viana, de Brasiléia, no Acre, que teve morte súbita aos 15 anos, chocou a população. O cardiologista João Vítola, diretor de comunicação da Sociedade Paranaense de Cardiologia (SPC), explica que a morte súbita em crianças e jovens é frequentemente causada por doenças cardíacas congênitas que, muitas vezes, não apresentam sintomas. "A melhor maneira de prevenir é através de exame com médico, ausculta cardíaca que pode detectar um sopro e controlar os fatores de risco iniciando já na infância, estando alerta aos sintomas e mantendo-se em dia com os check-ups, com a realização de exames adequados para cada caso", afirma. Muitos pacientes têm morte súbita como primeira manifestação de um problema cardíaco. Por isso, é fundamental ficar atento aos mínimos sintomas. "São aqueles que alertam o indivíduo de que algo não vai bem com o coração, como a dor no peito e falta de ar, muitas vezes associados a esforços físicos e desproporcionais a eles”, salienta João Vítola. As doenças cardíacas congênitas que mais causam morte súbita são a cardiopatia hipertrófica e a origem anômala de coronária. Muitas vezes, a morte súbita ocorre devido a doenças cardiovasculares adquiridas, ou seja, causadas por maus hábitos ao longo da vida, como tabagismo, diabetes, hipertensão ou dislipidemia (taxas anormais de colesterol e triglicérides no sangue). “Nesses casos, é importante avaliar indivíduos com fatores de risco, que se exercitam esporadicamente e não estão em dia com os check-ups médicos", ressalta o cardiologista. Avaliações médicas regulares Realizar avaliações médicas desde a infância, evitar fatores de risco ao longo da vida e praticar exercícios físicos regulares são as melhores opções para a prevenção. “Pessoas ativas correm menos riscos que as sedentárias tanto pela proteção cardiovascular que o exercício confere quanto por essas pessoas terem mais chance de apresentar os sintomas que podem servir de alerta, antes que seja muito tarde”, esclarece Vítola. No entanto, mesmo pessoas saudáveis devem fazer consultas regulares. “O acompanhamento pode ser com o pediatra, o ginecologista, o clínico ou o médico de família. O cardiologista será solicitado se necessário, a partir da avaliação inicial desses profissionais”, ensina o cardiologista Miguel Ibrain Abboud Hanna Sobrinho, do Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia (Funcor) da SPC. Ele esclarece que a periodicidade depende de cada pessoa. “As variáveis são individuais e dependem do diagnóstico que foi estabelecido, da necessidade de instituir terapêutica, do monitoramento dos sintomas e da evolução clínica”.