Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de pulmão é a causa de cerca de 70% das mortes ocasionadas pelas doenças relacionadas ao tabagismo. No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que 90% dos casos da doença ocorrem em pessoas fumantes ou ex-fumantes.
Na próxima quinta, 29 de agosto, é o Dia Nacional de
Combate ao Fumo e a Sociedade Paranaense de Tisiologia e Doenças Torácicas ressalta a importância do esclarecimento sobre o vício. “A conscientização das pessoas deve ser contínua, pois todos os anos surgem novos consumidores potenciais de cigarro: os jovens, que muitas vezes não sabem dos males que o fumo causa para o seu próprio organismo. Este desconhecimento facilita a indústria a estimular esse grupo a iniciar a experimentação, para depois vir o hábito e o vício”, afirma o pneumologista Dr. Carlos Eduardo do Valle Ribeiro, presidente da Sociedade Paranaense de Tisiologia e Doenças Torácicas, que conta com a Comissão de Tabagismo para promover atividades em prol do fim das propagandas de tabaco e para divulgação dos malefícios do hábito de fumar.
O médico lembra outra forma de se tornar dependente do tabaco, por desconhecimento dos seus riscos. “Um exemplo é o uso do narguilé, uma prática que se tornou comum. Em uma rodada, o consumo chega a ser equivalente a 100 cigarros”, alerta. O pneumologista explica que a fumaça do tabaco penetra nas vias aéreas, causa inicialmente irritação de narinas, traqueia e brônquios e, com o passar do tempo, destrói os alvéolos pulmonares, que são a parte do aparelho respiratório responsáveis pela oxigenação do sangue e pela retirada do gás carbônico. “Com isso, o câncer pode se desenvolver não apenas no pulmão, mas na cavidade oral, brônquios e outros locais como esôfago, estômago e bexiga”, esclarece Dr. Carlos Eduardo do Valle Ribeiro.
O tabagismo ainda está relacionado a outras doenças como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, rinite irritativa, bronquite aguda, que pode se tornar crônica, enfisema pulmonar entre outras. Estas doenças também podem ocorrer devido ao tabagismo passivo e, de acordo com informações do Inca, ocasionar até seis mil mortes por ano. Os riscos aumentam quanto mais a pessoa fica exposta à fumaça do cigarro. “A pessoa pode ser um fumante passivo de pouca exposição, exposição eventual ou até um passivo de alta exposição. Por exemplo, quem possui um parceiro ou parceira que fuma, terá os mesmos malefícios do fumante, na proporção direta do quanto essa pessoa fuma e de quanto tempo estão juntos”, ressalta o pneumologista, que acredita que a Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, que proibiu o uso de cigarros e quaisquer outros produtos derivados de tabaco em ambientes coletivos fechados, é uma medida que pode ajudar a diminuir o tabagismo. “Esta lei trouxe benefícios diretos aos fumantes e não-fumantes que trabalham ou frequentam estes locais. É algo que, com certeza, ajuda a diminuir o número de cigarros fumados ao dia e também cria uma consciência sobre seus malefícios, diminuindo com o tempo, o número de fumantes”, observa Dr. Carlos Eduardo do Valle Ribeiro.