* Professor Marcus Garcia
O home office é uma tendência que parece crescer cada vez mais. Segundo dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já são cerca de 30 milhões de brasileiros trabalhando em casa. Porém, este tipo de trabalho é válido para qualquer pessoa? Ter mais tempo livre e autonomia para controle de horário e trabalho, ou o isolamento, podem ser complicadores para algumas pessoas menos disciplinadas ou mais extrovertidas, o que pode acabar comprometendo o trabalho.
Podemos fazer uma análise usando como exemplo uma empresa que faça prestação de serviço na área de informática. O funcionário em home office trabalharia em escalas de revezamento. Durante uma semana estaria de plantão, disponível em qualquer horário ou dia, e nas duas semanas seguintes, apenas fazendo atendimentos ao escritório da empresa. Para este tipo de disponibilidade o funcionário recebe um percentual adicional ao seu salário (geralmente 30% pelo período de horas que ficou de plantão). Funcionários que fazem dois plantões por mês ganham o dobro do salário normal. Um excelente incentivo, ainda mais porque pode ser que nenhuma demanda ocorra neste período. Mas, independentemente disto, no final de semana, por exemplo, ele não pode sair com os amigos à noite e ir a uma festa, ingerir bebidas alcoólicas ou deslocar-se para uma área que não tenha cobertura de conectividade.
São vantagens e desvantagens que devem ser analisadas pelo empresário e pelo funcionário. A falta de leis específicas para este tipo de contrato de trabalho pode ser uma dificuldade enfrentada por ambos os lados. O trabalhador pode sofrer com a falta de interação social e profissional – até uma redução de oportunidades profissionais por não estar dentro da empresa. Podem ocorrer ainda problemas familiares, porque o profissional acaba prolongando suas tarefas por estar em casa ou pelo simples fato de dividir o mesmo espaço e acabar não sabendo separar os horários entre trabalho e lazer. A empresa ainda pode ter dificuldade em supervisionar o trabalho ou não ter uma metodologia definida para fazer isto. Como o funcionário fica fora, os valores da empresa podem se perder, pois o contato diminui drasticamente – mesmo ocorrendo reuniões periódicas. Existe ainda o risco de vazamento de informações, mesmo que não propositais.
Se bem administrado, o trabalho em home office tem a possibilidade de reduzir o estresse, com um controle melhor do próprio ritmo de trabalho, melhorando a qualidade de vida em família e aumentando os momentos de lazer, já que reduz o tempo gasto com deslocamento. Em outros casos, a experiência pode não ser bem-sucedida e acabar proporcionando queda de produtividade e da qualidade do serviço prestado.
Mesmo que seja uma tendência e pareça uma oportunidade mais tranquila e rentável à primeira vista, é preciso avaliar antes, contrapondo com a sistemática que é necessária para esta modalidade de trabalho. Nem toda empresa tem condições de supervisionar um funcionário em casa ou todo profissional tem um perfil disciplinado o suficiente para conseguir trabalhar em casa sem atrapalhar os negócios ou a vida pessoal.
Professor Marcus Garcia
Com formação na área de Educação e Tecnologia da Informação, o professor Marcus Garcia leciona há 30 anos e é palestrante há 15. Já escreveu 16 livros nas áreas técnicas, motivacionais e educacionais, entre eles “Sucesso: uma questão de identidade” e as séries “Educação Profissional” e “A Escola no Século XXI”. Para mais informações sobre o palestrante, é só acessar o site: www.marcusgarcia.pro.br