Por Rhaíssa Sizenando da Silva
Nos primeiros três anos da faculdade somos bombardeados, não só pelos professores e coordenação, mas também por nossos veteranos sobre o que é e como fazer o famoso Trabalho de Conclusão de Curso, o TCC. Todos fazem aquela “pressãozinha” ao falar do assunto, do tipo “se não fizer, reprova”, “você não vai querer deixar para o último ano a escolha do tema, vai?”, “é uma loucura de fazer”, “escolha bem seu orientador”… Isso assusta e dá mais medo de chegar no 4º ano do curso.
Agora cá estou eu no penúltimo semestre de Jornalismo e com o tal TCC começado. Nos primeiros dias de aula, fomos informados que o trabalho seria realizado com mais quatro colegas, o orientador seria decidido pelos professores titulares da matéria, dependendo dessa escolha você poderia ir a algumas aulas e outras não precisaria e ainda teria que entregar (antes do TCC terminado), uma monografia.
Assim que decidimos qual seria o grupo para o resto do ano, passamos a pensar em qual seria o produto final que será entregue à banca. Confesso que não foi uma decisão difícil, pois o pensamento de todas as integrantes é coeso e chegamos à solução rápida: um livro-reportagem. Agora qual seria o tema central? Ao se deparar com essa questão, e lembrar que tudo deveria estar relacionado ao jornalismo, vários tópicos passaram pela nossa cabeça: desde como a mídia influencia na pós-tragédia (como, por exemplo, nos acidentes de avião da Gol e TAM) até como o Largo da Ordem aparece nos telejornais.
A princípio poderíamos ter como orientador dois dos três professores titulares da matéria, o que não seria ruim, pois todos têm ligação com o assunto “livro-reportagem”. Porém, depois de um e-mail do professor, decidimos que nossa orientadora seria a titular da noite, professora Celina Alvetti. A primeira conversa nos fez ver que o assunto “Como a mídia influencia na pós-tragédia da TAM” não seria viável, pois a maioria dos personagens não seria de Curitiba e o custo para a realização do TCC ficaria altíssimo. A professora, então, chegou a comentar sobre a tragédia do show que ocorreu em 2003, no Jockey Club de Curitiba, que vitimou fatalmente três adolescentes e deixou mais 20 feriados, mas, pela distância do fato, poderíamos não encontrar as famílias para falar sobre o assunto.
O dia de entregar a introdução do trabalho estava chegando e a batalha pela escolha do tema não estava encerrada e, pelo jeito, ia demorar a acontecer. Mas, em um dia de inspiração da nossa orientadora, ela mandou um e-mail dando a solução para nossa grande dúvida: escrever sobre as mães presidiárias, como elas lidam com a situação de ter um filho na cadeia, até qual idade as crianças podem ficar no presídio, se existe um lugar para os bebês, se as mulheres trabalham dentro da creche… Tema aceito, com algumas ressalvas, mas com uma expectativa muito grande por ser um assunto tão delicado.
Cada uma decidiu o tema central para as monografias, entregamos as introduções na data certinha, recebemos nossas notas (boas, por sinal) e decidimos que precisávamos ir até a Penitenciária de Piraquara para conhecer essas mães e seus filhos. Duas tentativas de ida com a Pastoral da Universidade frustradas – por motivos da própria penitenciária, e na última sexta, 19, fomos. Experiência única vê-las com seus filhos, mas ruim em olhá-las e tentar imaginar o que fizeram para estar naquele ambiente tão hostil (mesmo elas sendo vistas como excluídas pela sociedade).
O trabalho está longe de terminar – pelo menos mais uns sete meses pela frente – e as visitas na penitenciária ainda serão muitas para a confecção do livro-reportagem, mas já deu para ver que o tão temido TCC não é um bicho de sete cabeças (ok, de umas quatro, haha). Aliás, com nossa visita e com o início do trabalho, pude tirar algumas conclusões que ficarão para minha vida: devemos trabalhar, pensar sempre em coisas boas, ajudar as pessoas, perseverar e ter esperança que tudo sempre dá certo. (Amém).