Por Kátia Rothstein
No último dia 8, foi comemorado o Dia Internacional da Mulher.
Recebemos muitas mensagens pelo “nosso dia”, mas a verdade mesmo é que este dia, muitas vezes, passa despercebido, pela correria diária.
Desde que acordamos já planejamos o dia todo, e damos conta dos
afazeres: filhos, casa, jornada dupla de trabalho, imprevistos…
Lutamos tanto por direitos iguais, temos orgulho de dizer que somos mulheres independentes, fortes, mas ao mesmo tempo somos frágeis e sensíveis, e necessitamos de cuidados. Quem não gosta de chegar em casa e ter o jantar pronto ou de receber um “colinho” antes de dormir?
Mas não são apenas desses cuidados que precisamos. Queremos ter uma vida plena, com liberdade e respeito. Não é estranho, que em uma sociedade cheias de leis, onde as mulheres são a maioria, ainda soframos todo tipo de violência? E não é um “privilégio” do Brasil; a violência está nos quatro cantos do mundo. Diariamente, sofremos vários tipos de agressões e humilhações, como o salário que ainda é menor que o do homem. Segundo levantamento da Michael Page, empresa líder mundial em recrutamento especializado em média e alta gerência, 72% dos contratados para cargos de média e alta gerência são homens e recebem salários acima de R$ 8 mil. Em nenhuma das áreas compreendidas pela pesquisa, as mulheres recebem salário acima do dos homens, mesmo que seja para os mesmos cargos e divisões. Apesar disso, ainda damos conta sempre de tudo.
Sem considerar as injustiças da área profissional, ainda comemoramos as migalhas que nos restam, como uma falsa sensação de liberdade. O fato é que a sensação de insegurança, muitas vezes, toma conta dos nossos pensamentos quando ouvimos uma notícia de estupro, como a da estudante indiana Jyoti Singh Pandey, que foi violentamente atacada no fim do ano passado, ou de vários casos de mulheres mortas pelos seus ex-maridos. Quando entrei em sites de notícias policiais fiquei horrorizada com tantos casos de violência à mulher e pior, a maioria dos executores está livre. No caso da violência doméstica, aqui no Brasil, existe a lei Maria da Penha, a qual permite que o executor seja julgado e preso, o problema é que na grande parte dos casos, o marido foge antes da polícia chegar, e sempre para a vítima é tarde demais.
É incoerente e triste saber que na era de tecnologia e grandes avanços, ainda existem mulheres sendo mortas e violentadas todos os dias, e não há lei que, na prática, as proteja. Lembro-me da frase do seriado mexicano, Chapolin Colorado, que dizia: “Quem poderá nos defender”?. E por mais que o infantil seja engraçado, este assunto não tem graça. Mesmo assim pergunto:
Quem vai nos defender? Não julgo a polícia, mas, infelizmente, na maior parte dos casos, chega tarde demais. E a Justiça? Bem,… gostaria de dizer outra coisa, mas chega a ser menos eficiente ainda, com os processos se arrastando anos a fio.
Penso sempre na sensação do medo a que estas mulheres estão sujeitas nestas horas, com sentimentos como impotência, insegurança, desespero.
Ficam sem dormir, sem comer, sem viver, pois o medo paralisa.
“Dia Internacional da Mulher” espero que, em breve, possamos desfrutar deste dia com liberdade, respeito e, principalmente, com seguranças e sem medo.