*Professor Marcus Garcia
As organizações dependem fundamentalmente do bom desempenho dos seus colaboradores para atingir seus objetivos, cumprir suas metas e realizar sua missão e visão, respeitando seus valores. Entretanto, para manter a boa atuação dos profissionais, é necessário estimular e investir na formação permanente e na renovação constante do aprendizado e das experiências sem o que a dinâmica atual do emprego não se sustenta. Esta dinâmica exige que a relação do profissional com empresa e desta com o mercado seja revista na mesma velocidade das mudanças experimentadas pelo próprio mercado onde atua, por vezes até se antecipando a ele.
Hoje, na lista de competências de um profissional disputado pelas organizações estão inclusas a disposição em manter-se atualizado, aprender coisas novas, adaptar-se rapidamente às mudanças, além de ter capacidade de empreender. As organizações sabem que por mais diferenciado que sejam, os profissionais precisam ser estimulados e desafiados para manterem-se com a energia e o foco necessários ao negócio. O paradigma dos “cursos de reciclagem” que eram diferenciais em algumas organizações entre as décadas de 1960 e 1990, foram substituídos paulatinamente pelo treinamento durante o trabalho, ou on the job, no início dos anos 2000 e se mantém.
Esta nova forma de enfrentar o desafio imposto pela dinâmica atual dos mercados requereu também a presença de um profissional que, até então, estava com seu olhar muito mais voltado para atuação nas escolas, e que pode incorporar no seio das corporações o pensamento estruturado na condução do processo ensino/aprendizagem em programas permanentes de capacitação continuada e a manutenção da aprendizagem organizacional. Este profissional é o pedagogo.
Para este tipo de educação que é dirigida aos objetivos organizacionais e empresariais, o pedagogo se utiliza de técnicas e métodos para orientar o estudo e a avaliação da aprendizagem que tem sua base na Andragogia (ciência que estuda as práticas para orientar o aprendizado de pessoas adultas). Baseado no diálogo como forma de assimilação de conceitos, boas práticas e técnicas e no exemplo para consolidação das habilidades e competências buscadas, tem se mostrado efetivo nas organizações que as aplicam.
Para ser desencadeada dentro das organizações uma série de ações preliminares tem se mostrado eficazes entre elas: ciclos de palestras motivacionais (para elevar o ânimo dos profissionais), palestras de sensibilização (visando estimular a consciência para a importância da atualização), pesquisa de clima organizacional (para medir os pontos que precisam ser reforçados e identificar demandas reprimidas), avaliações e outros métodos para obtenção de indicadores de satisfação e desempenho.
A Andragogia não é nova. Há 2.400 anos o filósofo grego Aristóteles já adotava um método parecido, baseado no diálogo, para conduzir o aprendizado de seus discípulos. Embora seja frequentemente abordada em trabalhos acadêmicos e artigos científicos, a difusão efetiva do método andragógico, adotada em algumas empresas em programas de trainee, por exemplo, ainda é rara nas instituições de ensino superior, que são as grandes formadoras do profissional para o mercado de trabalho.
A preparação do profissional que atua no ensino de adultos deve ser enriquecida com novas discussões sobre o tema. O desenvolvimento humano e profissional acontecerá à medida que forem aplicados os pressupostos da ciência pedagógica na formação e aprimoramento de pessoas e profissionais mais completos e felizes, por fazerem bem aquilo que gostam.
* Professor Marcus Garcia possui formação na área de Educação e Tecnologia da Informação, já escreveu 16 livros nas áreas técnicas, motivacionais e educacionais. www.marcusgarcia.pro.br